Um dos fatores que impulsionou a reflexão sobre a necessidade de mudanças nos métodos e programas nacionais para o Ensino Médio, tem relação com o fato de que, desde 2011, os índices de desempenho da Educação Básica no Brasil estão estagnados. Além disto, os números de analfabetismo funcional apresentados por estudantes que saem desta fase escolar rumo ao mercado de trabalho ou a universidade também são preocupantes.
As ações do Ministério da Educação (MEC), ao propor uma série de modificações no programa do Ensino Médio, visam minimizar estas estatísticas. Neste momento de implantação, é interessante entender como os países que são referência no mundo para o Ensino Médio organizaram seus sistemas de educação com sucesso.
Coréia do Sul
O sistema sul-coreano é considerado uma referência fundamental em educação secundária, principalmente por ter demonstrado grande evolução nos últimos 50 anos, ocupando posições altas no ranking de avaliações internacionais. A base de sua organização se foca na alta competitividade. Os alunos precisam alcançar desempenhos excelentes para ingressar nas melhores escolas técnicas ou universidades. O Ensino Médio acontece em duas etapas: júnior e sênior. A fase “júnior” é obrigatória para todos. Mas para ingressar na etapa seguinte, é necessária aprovação em exames com altas exigências. Se o estudante passar para a fase sênior, pode escolher frequentar grupos de disciplinas com diferentes ênfases.
Há o “ensino médio sênior acadêmico”, em que o aluno cursa matérias avançadas que pretende seguir estudando na faculdade; e o “ensino médio sênior vocacional”, que prepara o estudante para áreas como comércio, indústria, tecnologia, agricultura. Há ainda, escolas altamente especializadas, em que os estudantes com melhores resultados nos testes para acesso ao sênior, são direcionados. Escolas focadas em intenso desempenho para música, artes, atletismo, ciência, línguas estrangeiras, por exemplo.
Outro detalhe interessante sobre o Ensino Médio na Coréia do Sul, tem a ver com o tempo de estudo. É integral e os alunos tem um rotina cheia, com aulas de manhã, a tarde e até a noite. Os professores também são altamente valorizados, recebendo grandes remunerações e gozando de status social.
Finlândia
O caso da Finlândia é especial porque chegou ao topo dos rankings educacionais internacionais depois de implementar reformas profundas em seu sistema escolar, cerca de 40 anos atrás. Já foi considerada como a melhor educação do mundo, e hoje continua ocupando altas posições no sistema de avaliação. No país, a educação é obrigatória até os 16 anos, e o Ensino Médio também está dividido em dois grupos possíveis de programa. O “sistema acadêmico”, que prepara alunos para seguirem na universidade; e o “sistema vocacionado”, com foco técnico e que prepara o estudante para ingressar em uma carreira logo após o fim do Ensino Médio.
É interessante perceber que mesmo os alunos que optam pelo “sistema vocacionado” tem a opção de ingressar na faculdade após o término. Com isto, a Finlândia figura entre os países com maior proporção de estudantes que vão à universidades, 66% do total de alunos que concluem o Ensino Médio. O que chama a atenção nos métodos de ensino finlandês tem a ver com um sistema alternativo, que estimula estudantes a ter autonomia no aprendizado e a desenvolver competências menos tradicionais. São incentivados a desenvolver projetos para resolução de problemas comunitários e os professores atuam enquanto facilitadores.
Além disto, os alunos têm menos períodos de aulas, intercalados com pausas. Este tempo extra ajuda a melhorar o foco do estudo, além de permitir que professores preparem melhores aulas. Os mestres finlandeses lecionam cerca de 600 horas por ano, enquanto em casos como o dos EUA, professores chegam a trabalhar 1080 horas anuais em sala de aula. Outra coisa importantíssima, é que o processo seletivo para ser professor é rigoroso e apenas 10% dos aspirantes a mestres são aceitos em faculdades do país. Isto é considerado a chave para a qualidade do ensino na Finlândia.
Por último, a escola finlandesa opta por menos testes formais e delega menos atividades de casa para os estudantes. A maioria dos alunos passa o tempo em que está na escola dedicado tanto as aulas, quanto as atividades extras.
Estados Unidos
Nos EUA, as disciplinas obrigatórias são Inglês, Matemática e História. Todas as demais são eletivas, ficando a critério da escolha de cada aluno. Havendo, ainda, a oportunidade de que o estudante opte por aprofundar-se em áreas que mais o interessam.
A carga horária norte-americana é maior também, chegando a 8 horas de estudo. E as escolas focam-se na criação de sociedades/clubes temáticos, gerenciados pelos próprios estudantes, em que podem praticar atividades voltadas a seus interesses (musica, esportes, debate político, xadrez, ciência avançada, etc).
É importante reconhecer que nestas experiências pelo mundo há grandes lições que podem ser incorporadas. Sempre preocupando-se em contextualizar as iniciativas estrangeiras às realidades culturais do Brasil.
Muito interessante! Gostei da nomenclatura: Acadêmico e Vocacionado.