O Ensino Médio já mudou. Desde 2017 estamos diante de uma nova proposta de ensino para esta etapa, que visa um diálogo entre as áreas e uma educação integral. Sobre as mudanças, desafios e possibilidades, nós conversamos com a Coordenadora Pedagógica Pâmela Gonçalves. Confira!
SALA DE PROFESSORES: Na sua visão, quais serão as principais mudanças do novo Ensino Médio na prática?
PAMELA GONÇALVES: Uma das alterações mais evidentes é em relação a estrutura da carga horária. Até então o mínimo estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Nº 9394/1996, no seu artigo 24º era o mínimo de 800 horas/ano. A partir desta reforma nacional, teremos que cumprir o mínimo de 1000 horas/ano. Esta nova arquitetura está organizada em duas partes: a primeira relativa à parte comum obrigatória (BNCC) para todas as redes do Brasil e a segunda, relativa à parte flexível, organizada sob a forma de Itinerários Formativos. Esses itinerários devem contribuir para formar cidadãos mais aptos para atuarem em diferentes áreas da sociedade. Dessa forma, as redes de ensino podem ofertar diferenciais singulares, a fim de ampliar, inclusive, a carga horária nos anos subsequentes até que a oferta permita que as metas institucionais e sociais contempladas nas políticas educacionais sejam alcançadas. Dentro deste itinerário teremos uma unidade curricular chamada Projeto de Vida, que é outra novidade deste Novo EM. Trabalhar o Projeto de Vida em sala de aula é uma forma de proporcionar aos estudantes um espaço para o autoconhecimento, reflexão e amadurecimento que auxiliarão nossos estudantes a compreenderem sua identidade, qual o propósito e missão no mundo. Fatores que o auxiliarão a fazer escolhas mais assertivas quanto aos vários aspectos da vida (estudantil, familiar, espiritual e profissional).
SDP: O que pode ser mais desafiador no dia a dia dos professores para a implementação dessas mudanças?
PAMELA GONÇALVES: Toda mudança tende a ser desafiadora. O principal desafio, no que diz respeito aos professores, está no fato de que a concepção do método de ensino se modifica. O modo como a BNCC propõe o trabalho dos componentes, de forma interdisciplinar, impacta no modo como os professores fazem seus planejamentos. Um processo que requer adaptação.
SDP: O que a gestão escolar pode fazer para tornar mais leve o momento de transição entre um modelo e outro?
PAMELA GONÇALVES: Para que essa mudança seja implementada, o primeiro passo é a sensibilização. A começar pelo grupo administrativo, aqueles que vão trabalhar diretamente com os professores. A coordenação pedagógica precisa estudar, compreender por que essas mudanças estão acontecendo, estudar a BNCC. Se este grupo estiver seguro, vai transmitir segurança aos professores. E quando estes estiverem prontos, poderão trabalhar com os pais e os alunos para que eles entendam como a escola vai trabalhar e o que vai apresentar. Outro aspecto importante é estar dispostos a escutar e acolher as dúvidas e os feedbacks, uma vez que a mudança será paulatina. Vamos aprender e melhorar juntos!
SDP: Mudanças geram expectativas. Como alinhar as expectativas dos professores, gestores, pais e alunos?
PAMELA GONÇALVES: É muito importante nós estudarmos e apresentarmos: qual é a proposta? A partir dessa apresentação, que é o momento em que se espera que todos compreendam, podemos ir trabalhando a questão das expectativas. A comunicação clara é essencial nesse momento para atender a todos.
SDP: O que esse novo modelo traz de positivo para a nossa educação?
PAMELA GONÇALVES: Essa é uma oportunidade para revisarmos os nossos propósitos e ofertar uma educação alinhada com o que acreditamos sobre uma educação integral. Teremos mais liberdade para trabalhar aspectos que há muito tempo temos compartilhado com nossos professores e alunos.